Ensaiando personalidade de Lúcio aos 17 anos de idade, antes da Tsunami. Conhecendo os antecedentes, origem e significados.
Qual tua idade?
Tenho 17 anos de idade.
De onde você vem?
Nasci em uma das três ilhas do Arquipélago Pax, situado na costa leste da América Central. Existe apenas uma cidade nesta ilha. Aqui vivo desde que nasci. Visitei poucas vezes outras ilhas do arquipélago, porque meus pais sempre consideraram perigoso para alguém como eu, porém vontade nunca me faltou.
O que você faz da vida?
Nunca precisei trabalhar, mas possuo muitos hobbies. Gosto de procurar conchas na orla da praia e descobrir lugares novos. Gosto de conversar com gente diferente, e especialmente apreciar os sotaques diversos dos viajantes que vem até o Arquipélago. Gosto de nadar aos fins de tarde com meus amigos após o período de aulas. Estudo também, ainda não estou formado no ensino regular, mas pretendo sair dessa escola o quanto antes.
O que você gostava de fazer quando criança?
Quando criança eu gostava de fazer quase que as mesmas coisas que agora. A diferença é que eu costumava sair mais com meus pais para descobrir a ilha: conhecer os restaurantes, os parques, as praças de alimentação, o museu municipal, os pequenos bosques e pedaços de selva onde acampávamos e criávamos histórias juntos. Tive poucos amigos, e o principal era Vitor, com quem partilhava as tarefas da escola e conversa sobre meninas. Eu tinha também uma amiga de infância chamada Dhayane, que sempre me apresentava músicas novas que estavam em tendência, e me mostrava as bebidas e comidas mais apreciáveis da ilha que vivíamos, e que sempre pedia ajuda com as tarefas da escola.
O que houve de mais marcante na tua infância?
Foi quando numa madrugada acordei e escutei um choro vindo do quarto dos meus pais. Levantei e abri a porta lentamente. Minha mãe chorava contido e meu pai tinha um tom de voz possesso com o que apenas descobrira. Ele segurava ela pelo cabelo e a ameaçava, e eu sem poder compreender, pois estava em estado de choque, apenas obedecí à ordem que me enxotara do quarto. E recostado à parede, escutei o pedido de desculpas da minha mãe confirmando o boato na ilha dela estar beijando um dos donos de restaurante. O convívio em casa jamais foi o mesmo depois disso.
O que você gosta de comer?
Gosto de comer vegetais, frutos do mar. Peixe em geral. Sobremesas bem doces também são definitivamente minha praia. Minha comida favorita, no entanto é bem simples: pudim de leite preparado pela Joana.
Como é tua rotina atualmente?
Durante a semana, acordo às 06:00 da manhã com um despertador. Me apronto para ir à escola, tomo café da manhã e sigo, pois lá o portão fica aberto até 07:10 somente. Termino o período de aulas às 12:20. É então que volto para casa para almoçar, e logo tiro um cochilo de 40 minutos. Acordo. No geral, registro o sonho que tive no meu gravador. À tarde, pratico algum de meus hobbies. À noite, passo com meus pais em casa escutando o rádio. Vou para a cama por volta das 11:00 da noite. Aos fins de semana passo a maior parte do tempo sentado à orla da praia descobrindo o que vou fazer, na verdade. Não há um plano fixo. No geral acabo sendo encontrado por alguma companhia que me conhece de outros carnavais e conversamos. Nado na praia às vezes. Escuto os violonistas e os tocadores de ukulele aqui e ali. Gostaria de ainda poder sair com meus pais ocasionalmente...
Qual teu maior medo?
Chegar próximo ao fim da vida, e ver que fracassei por não ter tentado. Ter escutado mais aos outros do que a mim mesmo e me considerar fraco. Se o bicho papão surgisse diante de mim agora, ele seria uma versão velha e antiquada de mim mesmo, com todos os membros do corpo desnutridos e ressequidos, com a barba e o cabelo umedecidos pela chuva do caos interior, e com os braços arrastando correntes pesadas amparando um discurso de um derrotado pesaroso cheio de arrependimentos e paralisado.
Qual tua maior alegria?
Minha maior alegria foi ter conhecido a Joana. Eu estava sentado num banco escutando as ondas do mar quebrarem naquela tarde onde não havia muito o que fazer. De repente, notei uma presença sentar ao meu lado e uma voz doce sendo projetada no ar, com um tom aconchegante que soava ilusão, parecia vapor, ou nuvem, algo assim. Começou a despejar apreciação pelos alpes à que tinha escalado, os amantes à que já se apaixonou, a fome que já havia passado, a violência à que tinha sido exposta ainda por seu próprio pai, a vastidão de um mundo vivido em 80 anos de vida com muita saúde. Era sonhadora, mas direta e reta em suas afirmações. Perguntei de onde ela vinha, e simplesmente me respondera que se tornara minha vizinha. Passei a visitá-la, porque todas as vezes em que conversávamos, eu tinha a oportunidade de viajar o mundo inteiro satisfazendo meu espírito aventureiro inibido por meus pais.
Qual tua maior tristeza?
A palavra que melhor se encaixa é: frustração. Por utilizar as duas mãos, na escola me tratavam com diferenças. Fui desprezado por preferir a mão esquerda para ler em braile, e chutar a bola com a direita. A professora dava tapas na minha mão soltava grunhidos de nojo quando eu estava lendo com o indicador esquerdo; os colegas (pseudo-colegas) escreviam "Sinistro" e o berravam toda vez que eu entrava num ambiente. Era horrível! Fora o fato de não enxergar, diziam que eu tinha vindo com defeito de fábrica, e sempre me perguntavam quantos dedos eu estava vendo; me roubavam a caneta, ou bolinhas de gude, e me faziam de bobo ficando todos em silêncio ao redor de mim. Me dava pânico. Eu sonhava com as risadas deles e com o carcarejo da professora.
Agradecimento especial pela contribuição de perguntas à:
@leandro_asp17
@aguiar.alicia
@julio12.cesar
@_amandaaacm
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